domingo, 8 de julho de 2012

Aparecimentos (3 textos de agora)


1. Aparecimento, a pergunta apareceu assim: de que maneiras denotamos um aparecimento? ao que na tentativa de responder isto foi aparecendo; pensar o aparecer... eu não tenho o controle sobre o que aparece, posso ter a capacidade de o ver, de ver esse aparecimento sem o presupor; um não olha para algo,  por momentos ve, e esse ver ta relacionado com o que antes não podia ver - talvez olhaba mas não conseguia ver -. O que veio se faz sempre onde não veio. Esse limiar que constantemente exercitamos nas fronteiras do que sabemos, quer dizer, do que não sabemos é o lugar do aparecimento, o que se faz ver que vaí vindo ao visivel desde onde nao se veia.


2. Corro, corre, correríamos, extendemos as fazias em direcção ao ar e nesse instante uma pomba com bico alargado entre-mexe fios  perto de nossos cabelos… logo ajuntamos, os ténis com os brincos, as camisolas na pedra, head-phones e corta-unhas,  uma gritaria de pequenos gestos fazendo  piscina no rio Tejo. E a sangue escorrega corpo adentro pelos braços até a pontinha de todos os dedinhos mesmo e já vai também  pela nariz de Maria de Nazare a fazer se  pingo no chão da igreja de São Paulo. Nesta ribeira quase não tem praia, os pés de novo vão uns atrais dos outros, os outros atrais dos barcos: pulo, os olhos olham a pedra, a borracha do sapato faz linha até que a perna toda sai do são encosta no ar e gira a bacia com suas veias e cartilagos alborozando do prazer de se contorcerem, um sorriso na boca é inmediato, o reflexo do corpo todo no vidro do obnibus que passa, o braço esticando desde a medula, e a medula esticando desde os neuroneos e os neuroneos trabalhando sem parar em um sonho,,, ahhhh possa vida,,, os supermercados comenzam a desaparecer como aquelas pragas que exterminao-se a si próprias.

3. Nao nos debe preocupar tanto o que pensa o publico, ou se gosto, ou tanto se comprendeu. Temos que rasgar algures nos mesmos, sendo que isso quer dizer rasgar o nosso tempo. De alguma maneira induzir a nossa praxis e pensamento a uma insistencia que nao tem mais certeza que a propria insistencia. Sendo que o existente, é (des)arraigado e elaborado nesse repensar as fraturas que acarretamos de nosso pasado se pensando com o potencial futuro no presente.