segunda-feira, 26 de março de 2012

algunos que hablan (varias linguas)

Nao he podido construir nada homogéneo para mim, sempre todo parte da ideia de que tenho uma vida, um carácter, qualquer coisa uma que se mantiene, que prosigue, que as vezes se desequilibra mas enfim, sempre volta para a primeira substancia unificada, eu, meu nome ou algo assim. Não posso com isso, la paulatina destruição de mim mesmo que se pratica em mim quase que involuntariamente – ainda que com minha permisao – não me deixa orientar-me, me parte literalmente entre memorias que aparecem como fotografias, cuerpos presentes e edifícios que solo capto superficialmente.

La cinta transportadora que son mis passos, a observância imparável que é cada um dos meus movimentos me deixa totalmente indefinido, sendo que a maioria das vezes acho irrisório pensar que estou em um solo lugar. Esse lugar que sou eu próprio, (?) não para de se mover e não o paro de mover e a noção de substancia que tinha dele vai virando itinerância, uma parte de um camino en el que no puedo nem suspeitar um começo, nem um final. Esto me desborda, um lugar tan cerca de mim, tão cerca, que parecera que sou eu que levanto o braço, um lugar tão cerca e que ainda assim não é meu, mas bem poderia dizer que eu sou dele. Um pequeño observador, um documentador da própria vida de um mesmo, vida que não pertenece, vida despojada de qualquer comprometimento com ela própria e ao mesmo tempo caudal. Caudal de significâncias variáveis que não paran de formatar o que é o mundo para essa vida apropriada em “eu”, que não pode mais ser apropriada a não ser que o sea na linguagem.

Vamos nos observar dizendo as coisas sobre as coisas, quero dizer vamos deixar que esse despertenecimiento da substancia eu, do eu-digo, atravesse a barreira do orgulho e o pudor para practicar essas palavras ditas de imposiveis, de vergonha, de paradoxo… (cada dia aparece mais forte a vontade de escrever com o corpo na rua)

Cuando digo esto, hà qualquer entusiasmo que comença a parecer-se mais a uma angustia, uma urgência do comprometimento. Lo azul viendo para a superfície das mãos. Essas mesmas mãos, minhas e delas próprias, pessoais e estranhas nunca param de perpetuar um dialogo com el mundo que não tem nada a ver com este, eu mesmo, que diz mãos ou escreve sobre elas. A qualidade infinita que dez dedos articulados e quarenta trilhoes de poros sensíveis – que não são científicos-explicabeis porque ninguém preciso de ciência para saber que acariciar uma pele poderia percorrer paisagems ou deixar a impressão em quem toca de um magnetismo das células para alem de elas mesmas e muito aquém de dizer o que acontecia. Já que a lenguagem naqueles momentos se féis mutua, e eu, a palavra não fazia parte. Nasceu a interrupção! Nasceu o gap! a falha do homen com o homen, nasceu o vacio da inexistência onde se fundam todos os posiveis. E isto, porque como bem falaba um saxofonista imaginário que invento Cortazar, todo esta cheio de buracos. Naqueles tempos esa frase da realidade cheia de buracos me fazia ver o abismo através deles, qualquer massa escura, sobre a qual conformamos superfícies necessárias para nossa supervivencia. Mas se olhasemos a posivilidade contingente que una percepção esburacada da paisagem nos oferece, UM PODER NAO-SER DE CADA COISA, podemos imaginar-realidades de buracos não abismados, se não, buracos travessia, passagems abertas a cada olhar vertiginoso que pretendamos dirigir ao medo primeiro de nos desapropriar do todo o que somos e nos circunda, de modo, a parar de fazer um eu-mundo, ou em uma língua mais habitual um mundo próprio. Porque isso não existe, isso é uma ficção de liberdade que constrói uma gaiola, é a cobardia de todos nois, atar-mos todos os cabos da conciencia e não deixar ser os locos, os vagabundos, transumantes, adivinos, bagos, iluminados-sacerdotes-de-la-cachaça, pirómanos de monumentos, desnudos que correm com a maior voluptia para mostrarse nas canchas de futbol. Issos, e os que viram a cabeza de lado para trastocar a visão da rua, o decidiram por espelhos deformes no banheiro, os que costuram a mão para fazer membrana e ser pato, iguana marina, ornitorrinco.

Todos esses que estão comenzando a aparecer e que para minha tristeza rapidamente virão produto, foto-chapa sem integridade, algo mais especifico do género humano, um freak mais a juntar na lista. Isso é decadente, todo e atrapado, colocado a mostra, publicitado imediatamente. Como profanamos este improfanavel que hemos criado? Como corremos em direcção a um lugar onde o homen-mulher não se cace a si mesmo, se digitalize e ache que isso é suficiente, que por qualquier identidade a todo movimento vertiginoso é suficiente.

Agora já criei meu discursso, as linhas me estam propondo reconfigurar este papel, corromperlo de insultos, deixar de explicar para ir sendo, romper o que aqui vou dizendo pelo meio. Aparecer na grieta. Neste cartomante pequeno que nasceu dentro de mim faz séculos. Esse velho pequeno, de barba apertada e figura magra que sempre me tem paciência e sonrie sim sonido, o rosto dele-eu é um soriso pícaro como se nada do que estou a fazer importara realmente, como se o único alimento posivel fosse uma pêra cheia de agua e um olor a madera e bosque. Há outros, e a outro eu que não é, assim, outro tão claro como esse velho, que é raiva de tendões e ossos e mandíbula apertada, e algum ser que me faz ver-me como cabos e arames, com um potencial de extensão absurdo e uma vontade inmensa de me contrastar com a dureza de outros materiais. Ele permiteme atravessar certas racionalizações do cotidiano, a dizer, aquela ridícula de caminarmos pelos caudales que se formão entre arquitectura e fluxos de gentes. Eu amo.