domingo, 25 de setembro de 2011

1 ou 2 contentamentos comedidos

Não sei se sou este que sou, começo a ver-me muito bem ordenado, como uma costura que vai direitinha na linha, qualquer coisa que tem que ser bem feita ou se não não merece, não sei se sou este que vou sendo, que quero ser ou me vejo ser. Me apetece mais desajeitado, me apetece mais a mão que vai até o fogo e afasta-se só quando com ele fala e queima-se um bocado e depois mão e fogo buscam água e as relações não são tão programáticas. Cada vez estou a ver mais dança que não dança ou será dança em todo lado? Vou perto do queijo e do figo como de mim mesmo, e deito nas minhas costas como se a cada momento pudessem não ser as minhas, fugir rapidinho, deitar-se fora do quinto andar e já era… o que me esta a acontecer é um corpo? São vários? Cabelo, mão, pés no chão, kunichi uno; eu sei que nada é meu (ou seja, o nada é meu também) despertencer, o corpo para ele próprio sem propriedade, estar assim, assim, assim, às vezes nele outras ao lado outras longe, nem dentro nem fora algo mais entre velocidades e lentidões... criação de espaços. Hoje quero estar desajeitado e meu corpo ajeita-se a cada momento, não me faz sentido fazer as coisas, mas a direcções e linhas mais fortes nascendo a cada lapso de consciência, o atuar da distracção também faz fazer sem ter que estar fazendo: a enérgica afirmação de que sou hibridação constante em andamento, sou e não sou, e também encapsulo num bloco hermético, fechando e dobrando dobra trás dobra em potencia. Contudo nesse hermetismo abre-se qualquer coisa entre as paredes e o adentro, comunicação acontece lado a lado, abertura e exposição e vida para diante.
Neste processo achei que poderia ir avançando aos poucos, pondo-me nú ou ao menos tirando para começar, uma camiseta. Estas palavras como o punho que se fecha será que vão da carne para o vento? A pergunta continua a ser sobre o corpo, com o corpo,,, eu os diria em plural,,, e desde aí eu considero energicamente a exposição, a procura desses lugares onde a pele se rasga, as cores se encarnam e algo vai num salto ao vazio. Corpo saindo do corpo, o não humano em nós mesmos.

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