terça-feira, 15 de novembro de 2011



"tricksters ou vagabundos, ajudantes ou cartoons" 
Sábado 19/11, 17h30 no Tribunal da Boa Hora (Rua Nova do Almada)

domingo, 25 de setembro de 2011

1 ou 2 contentamentos comedidos

2. também veio a imensa necessidade de estar parado, dar abertura a esta frustração gigante que se avizinha, abrir a porta de verdade, abrir a porta a outra coisa, acumular forças sem as acumular, vão-se acumulando, ir parando, alentando-se como velocidade, como potencia, como grito. Tempo e tempo e tempo no tempo, e ter realmente tempo, desfrutar de ter tempo, odiar que o tempo se apodere da coisa, eu coisa no tempo, deixar de ser coisa e passar a ser tempo. Esse nada que brinda o espaço, o nada enchendo-se de movimento para nada, sem se fazer nada. Ou nada enchendo-se de aborrecimento, de nada que não precisa de outra coisa. É meu poço, meu túnel (gostaba de tirar fora o "meu"). É poço, é tunel. Observo-me decorando o nada com ornamentos, tipo gestos, acções, e ao me observar me estou pondo lá, já em algum lugar, e ao me observar esqueço-me de que poderia não... poderia não? Acaso se pode o não? (poderia não estar lá estando la?) É uma angustia para mim propor-me esse lugar, falar desse lugar para vocês palavras, e para vocês mais que palavras. Deixar de ser um lugar para ser olhado, ir deixando de ser lugar, deixar de ser lugar. Como aquela escrita microscópica de Walser que procurava ir sendo tão pequenina, mas tão pequenina que ia desaparecendo nos rumores e murmúrios que a desperteneciam. Rumores e murmúrios são assim coisas inclassificáveis que formam frases ultra complexas agarradas entre elas, ou línguas inteiras em andamento numa frequência no limite. Não gosto de ver meu limite na frustração, no desencontro, o limite acho também pode ser suave como a pele, será que pode ser? Hoje cortei-me no limite da frustração, cortei-me a pele, algo saindo para fora, as ambulâncias, a violência toda com sabor a sal. Nesse momento parei, deixei de estar lá e só então pensei depois que poderia estar lá. É sim, podia-se não. Outra arquitectura, geologia, fisiologia que não estaria a se olhar desde fora. Parar de fazer mas fazendo, fazer parado, só isso me ronda na volta, se foi embora a exposição, se foi embora a potencia, algo mais ténue, uma existência menos insistente em existir ou talvez hoje foi um dia muito difícil.

1 ou 2 contentamentos comedidos

Não sei se sou este que sou, começo a ver-me muito bem ordenado, como uma costura que vai direitinha na linha, qualquer coisa que tem que ser bem feita ou se não não merece, não sei se sou este que vou sendo, que quero ser ou me vejo ser. Me apetece mais desajeitado, me apetece mais a mão que vai até o fogo e afasta-se só quando com ele fala e queima-se um bocado e depois mão e fogo buscam água e as relações não são tão programáticas. Cada vez estou a ver mais dança que não dança ou será dança em todo lado? Vou perto do queijo e do figo como de mim mesmo, e deito nas minhas costas como se a cada momento pudessem não ser as minhas, fugir rapidinho, deitar-se fora do quinto andar e já era… o que me esta a acontecer é um corpo? São vários? Cabelo, mão, pés no chão, kunichi uno; eu sei que nada é meu (ou seja, o nada é meu também) despertencer, o corpo para ele próprio sem propriedade, estar assim, assim, assim, às vezes nele outras ao lado outras longe, nem dentro nem fora algo mais entre velocidades e lentidões... criação de espaços. Hoje quero estar desajeitado e meu corpo ajeita-se a cada momento, não me faz sentido fazer as coisas, mas a direcções e linhas mais fortes nascendo a cada lapso de consciência, o atuar da distracção também faz fazer sem ter que estar fazendo: a enérgica afirmação de que sou hibridação constante em andamento, sou e não sou, e também encapsulo num bloco hermético, fechando e dobrando dobra trás dobra em potencia. Contudo nesse hermetismo abre-se qualquer coisa entre as paredes e o adentro, comunicação acontece lado a lado, abertura e exposição e vida para diante.
Neste processo achei que poderia ir avançando aos poucos, pondo-me nú ou ao menos tirando para começar, uma camiseta. Estas palavras como o punho que se fecha será que vão da carne para o vento? A pergunta continua a ser sobre o corpo, com o corpo,,, eu os diria em plural,,, e desde aí eu considero energicamente a exposição, a procura desses lugares onde a pele se rasga, as cores se encarnam e algo vai num salto ao vazio. Corpo saindo do corpo, o não humano em nós mesmos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

muestra de proceso



Coletivo Qualquer: Ibon Salvador e Luciana Chieregati

invitam a la muestra del proceso :

“Sobre aquilo que não se pode falar”

Un momento de intercambio de percepciones para un comienzo. Hace siete días que vivimos en AZALA y levantamos materiales acerca de algunas cuestiones del lenguage. Nuestro punto de partida es el libro “Lo que resta de Auschwitz” del filósofo Giorgio Agamben. Una discusión acerca del lugar del sujeto, del no ser, del acontecimiento del hablar, contar, decir. Los movimientos desde la palabra y hacia la palabra, desde el gesto y hacia el gesto ¿No serán la misma cosa?

AZALA, 14 de Septiembre a las 18:30h.

www.azala.es

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

em residência

Azala Espacio

http://www.azala.es/es/

sábado, 9 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

documentação do processo "58 passos até entrar na vila" criação do coletivo qualquer dentro do Festival Pedras D'agua

ela corre com o eléctrico
passam carros vários muitos
não os vejo
vejo-os
procuro-os por entre as pessoas
(e no momento em que escrevo isto a cristina fala-me sobre a graça dessa procura)
braços graaaandes balançam
homem pára pausa anda frente
trás atrás de ibon
e continua caminho sombras no autocarro
ele pausa ela passa
e curva
dançam por entre danças outras
gesto que surge
e perna levanta
alguéns olham apressados
e continuam
ela entra
e sai
e entra na rua
espaço tão aberto onde tudo (se) passa
eles uma paisagem no meio de tantas outras
ele agarra mão dela
e o diálogo-discussão começa
som irritante do motor do carro aqui parado parou
caminham falando
gestos desenhando
aqui ainda chegam palavras...
ela pausa sem pausar e a pausa mexe
suspensão do momento é força
e desaparece
ele atira braço e segue junto a senhora que passa
é arrastado pelo grupo-maré
e volta
ela descansa no pilar do seu tamanho agachada

ele



ela

casal de meninos passam perto à minha frente

do outro lado são como quadros que surgem
e se desmancham
e surgem novamente
diferentes
e....

Mariana Santos

segunda-feira, 16 de maio de 2011

"58 passos até entrar na vila"

O desmanchar contínuo de um lugar que abrange trânsitos ou os diferentes lugares que vão e vem com as pessoas.

Escolhemos este espaço diante da Farmácia, atrás da paragem de ônibus, do lado da igreja, na frente do Martim Moniz, que não tem limites claros e foge para cima das Escadinhas da Saúde, se vai lá com o transito dos carros e corre com pressa pela rua da mouraria.

Nuvens passam.

Andorinhas em linhas.

Pombos fazem ponto.

Caminhar e pausar, pausar e caminhar.

Passos na pedra.

A primeira camada é sobre as trajetórias, os deslocamentos das pessoas, aglomerações e dispersões que vão criando e desfazendo o espaço. Só depois emerge o gesto, as direções e volumes no corpo, o bater do sol, se é segunda ou feriado. Há pequenos encaracolamentos no recolher uma moeda que caiu, há sorrisos e um olhar que afina no céu lá onde o bico do prédio acaricia.

Estamos a pesquisar o dialogar do movimento com o movimento, os deslocamentos que se juntam a outros deslocamentos, o compartilhar de um espaço desde a prática de estar lá. Uma abertura para a existência. Um trabalho que aprofunda a escuta do aparecer do gesto e deixa que este leve (traga) algo à presença.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"A Rua", a rua

"A rua", a rua

é curiosa a sensação que tenho tido em relação aos encontros com as ruas da Mouraria. "A Mouraria", "o bairro Mouraria", a idéia de bairro da Mouraria que há tanto escolhi me relacionar, a representação da Mouraria que dia após dia, durante as horas insiste em mostrar-se outra.

O mesmo passa-se com "O Galdino", que desde que tomou uns "penaltis" no bar em que estivemos a dividir uma pizza, deixou de ser uma representação ou vontade de ser que eu queria de Galdino e mostrou-se o Galdino, aquele que também gosta de beber uns gorós no bar. E porque não?

Também ontem "No Beco da Amendoeira", o tal beco da amendoeira complicado, difícil, violento, estavamos a prosear sentados na rua, tomando o resto de sol do dia enquanto a nuvem preta se aproximava, falando de fodas e caralhos e conas com "A dona Helena" que fala muito mais palavrão que o Fernando.

Isso da gente se relacionar com as coisas a partir da gente, sem levar em consideração o que lá está a ser vida, parece-me injusto. Um momento de frustração, do Galdino conceito que vira experiência, conversa, carne. Ou da dona Helena, que vive a falar palavrões e não tem nada que ver com a mulher de nariz grande que teve a vida a costurar toalhas de linha que eu havia imaginado. O nariz continua lá, mas ao deixar-me ver que dona Helena, que Galdino, que dona Luiza, que anã me aparecem, me surpreendo, me frustro e tenho que reconfigurar-me diante das expectativas que construí e construo, para poder ser ali a Luciana , que está a falar de qualquer coisa e não a tentar ser "A artista em processo de criação para o pedras d`água".

Assim é que tenho aprendido imenso sobre o lugar em que coloco "as pessoas" e o lugar de disponibilidade para ouvir as pessoas. O lugar do qualquer.

Foi como quando com "A dona Alzira" me ensinou muito sobre a Luciana que estava a cuida-la: olha, cuidado que ela vai sempre ao portão, a sair para a rua e se perde. Entrou em ação a Luciana que cuida da dona Alzira para que ela não saia pelo portão. Dona Alzira se levanta e começa andar em direção ao portão. Luciana vai atrás, já tinha tudo previsto, a direção, o momento de agarra-la e coloca-la para dentro, o que ia dizer. De súbito dona Alzira que ia para o portão muda de direção e vai para dentro do centro de dia. Luciana surpresa, todos a volta se reconfigurando frente as expectativas criadas durante aquele minuto. E eu, Lucianas, aprendendo que mudar de idéia é o mais genial, e aprender a reconfigurar-se e a deixar ser o que tenha de ser, deixar aparecer as lucianas e alziras que queiram ser naquele momento, libertar o conceito de relação luciana-alzira na experiência luciana-alzira, tem-me sido importante demais nesse processo.

Depois só

De como respondo ao que me leu Luciana, ou de como quando caminho não tenho a medida de nem dos meus passos, nem das distancias que percorro.

Uma vertigem continuada entre as costas e o peito, uma parte da frente que avança e leva consigo a de atrás, os lados que às vezes são osso e outras nem são nada. Me lembraste agora de algo que me vou dizendo nestes dias e que habitualmente diz respeito aos outros e só depois, mais depois lembra de mim. É nesta cotidianidade de lisboa, dos conhecidos, de meus passos conhecidos (eu que os acho conhecidos), que començaram a se abrir brechas que por enquanto não fazem mais que incomodar-me, esquivar-me e procurar escapatorias televisibas às vezes, e outras de olhos fechados. Falo-te e falo-me da arrasadora mudança que emerge nos corpos, no estar mirar cheirar tocar que sem querer esta virando uma pratica. Certa elasticidade aparece enquanto miro a sofia ou a lyncon cada dia e não consigo apreender nada sólido, Que merda!(que beleza!) Mudaste tanto hoje na tarde, teus braços encurtaram-se, tua pele talvez esteja mais rigida agora, já não sei nem te chamar por teu nome, e depois; e só mais depois ainda me perguntei sobre esse movimento em mim.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

limpiezas performáticas en el barrio de la Mouraria, Lisboa, 1 de abril

expansão

Despoleta de novo a dita “bolha de azeite” ou o corpo humano que se mexe numa superficie, planeta, tierra, ar, direcciones, água. Que corpo é esse? E suas traduções em cada um de nós? Um corpo em expansão? A expansao como maneira de dizer um corpo, um corpo em relação com as informações, que se des-limita e re-limita com estas.

A expansão começo a relacionar com a "Auréola", que é a graça de cada coisa ou pessoa supostamente perfeita (acabada), ou seja, o que introduz no acabado uma possibilidade suplementar que lhe indetermina os limites. Tu e eu, envelhecendo, não sabendo o que será amanhã. A bolha de azeite expande-se enquanto pode não ser bolha de azeite, enquanto pode ser “mais” e "menos” que uma bolha de azeite. Se a identificas morre ou deixa de ter movimento.

Também essa minha expansão acontece nessa continua intermitência em que me aproprio e des-aproprio – entre ser e não-ser - de mim mesmo, em um arrepiar do nada em mim e à minha volta, e um constituir-se do meu eu-entorno-eu em configurações mais ou menos sólidas, mais ou menos efêmeras. Na abertura para essa prática de possibilidade de nada, de não-ser eu – ou melhor, ser eu-outro - , um tremor de expansão acontece, numa vertigem que como limpeza ou chuva muda o que lá esta, ou o que era. É sim uma morte, às vezes tão pequena que vão caindo duas lágrimas doces, outras, o rasgar e a ruptura de estruturas que caindo em picado nos deixam espreitar um vazio que é a cara oculta da plenitude.

Habitar essa complexidade e essa simpleza que já está a ser em nós, essa maneira em que o ser e o não ser formam uma cadencia em que um da conta do outro. Compartilhar assim com os outros precisamente o que um pode também não ser (sendo). Diluído com. Com o outro alem e aquém, numa intimidade das distancias e das velocidades.