domingo, 7 de março de 2010

último ensaio

O último ensaio do coletivo qualquer foi nessa quinta feira. Período de transformações e apropriações de coisas da pesquisa que precisam nesse momento ser tomadas, agarradas. A continuidade de um trabalho de fundo sem uma estrutura de fundo. Eu, ibon, o espaço.

Pergunto me o que cada momento dessa continuidade pede. O tal ajardinar. Acho que agora preciso regar as margaridas, a estrutura.

A busca de lugares para comunicar o que estamos a construir passo a passo. Nossas questões, interesses e crises. Um embrião que vai lá já para a criação de seus orgãos, de suas especificidades sem se deixar esquecer que poderia em qualquer momento ser todo o resto que não o define e o define ao mesmo tempo.

Uma estrutura. Um jantar. Esse momento da criação em que o convite está colocado, os convidados são quem quiser aparecer. Compartilhamos sabores. A apresentação de cada prato também é importante disse ontem a ibon. Para mim agora está sendo a linha de ligação na continuidade.

Praticamente é assim. A célula e sua especificidade.As trajetórias.

Estivemos dançando entao durante trinta e dois minutos. Dançamos com nossos scores, sem pensar muito em uma estrutura definida, mas sabendo por onde íamos passar, começando na mimesis.

Foram doze minutos de mimesis. Insistencias de ser, de revelar coisas que só com a idade vão aparecendo, como a formação da pele e as primeiras expressões móveis de um corpo. Surgiram muitos jogos no espaço, principalmente de distância e proximidade. Estar perto e longe. O uníssono que é um uníssono do som, da luz, da arquitetura, de memórias nesses tais transitos. Pertinhos, diagonais.

Talvez um preludio de organização estrutural e estabelecimento de linhas nesse score.

Depois uma transição incrível para leitura e dança. Da mimesis dessa leitura, de uma leitura juntos, o movimento das palavras do ibon(o livro era o profanações, agamben)no meu corpo, nas qualidades. A voz e uma entonação em uma qualidade específica que insistiu, virou lu. Pausa. O ibon pega a qualidade. Troca de qualidades. Durou pouco tempo. Achamos que se calhar era bacana deixar sua vida um pouco mais longa. Quatro trocas, duas em cada um. Outro vislumbre de uma organização estrutural da urgencia da comunicação.

Seguimos e dependentes demais um do outro sempre, fomos encontrar as individualidades quando dançamos juntos em contato. Eu numa qualidade, ibon em outra. Desajustes que no espaço e na dança revelavam essa independencia quando supostamente deveríamos estar em dependente conexão. Ambos achamos interessante trabalhar mais a fundo isso.

Só para dizer que se calhar é no próprio caminhar e continuar a caminhar, no próprio tornar-se fígado, coração, orelha, que vao surgindo os alinhamentos e as questões vão transformando-se em outras, nessa insistencia de ser sempre questão.

É bom saber que há um lugar para voltar.