quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Dançar ultimamente tem sido essa vivencia em que posso ultrapassar um pouco a realidade comum e conectar-me com outras camadas. Tipo, reconheço sempre a primeira camada. Tem ela características do comum, da maneira e dos padroes que usualmente costumo utilizar quando estabeleço uma relaçao(a sofia tem uma caixa na cabeça).

Se me permito passar por aí, e o passar aquí é muito importante, posso se calhar continuar o movimento. Abro nao para a segunda ou terceira camada de relaçao, mas para imensas camadas potenciais de relaçao, possibilidades, fios, linhas.

Ao dançar ou ao observar posso espreitar essa possibilidade das brechas. Reconecer outros ambientes, atmosferas, lucianas, ibons, sofias…

É que sou sempre a mesma, ms esse permitir-se estar sugere também que osso ser sempre diferente.

O estar. Tao simples quanto isso. Estabelecer fios que ajudam a perceber que a sofia com a caixa na cabeça é a sofia com a caixa na cabeça, só que um bocadinho diferente, um bocadinho mais ao lado, ou à frente.

Quando estou nesse lugar, o movimento nao é mais tridimensional, os objetos, os sujeitos parecem todos feitos da mesma matéria. Diferentes camadas, imensas ligaçoes, o mesmo organismo.

Danço as membranas para além das membranas. A pesar de identificar os limites, nao os reconheço enquanto tal, podendo assim apostar na extensao do meu corpo, sentidos, corpos.

Temos falado na terceira linguagem, esta que está entre um e o outro, entre o que se move e o que dança, entre o que fala e o que escuta. Esse entre é palpável, é algo, é como se fosse o lugar dessa potencia que é revelada pelo estar.

Se eu danço e descrevo o movimento há algo aí que grita e que ao mesmo tempo que tem a ver com a dança e a fala, nao é a dança e a fala. É essa brecha.

Brecha.

Como é difícil estar aí. Parece que para escrever sobre isso tenho que estar nesse lugares ou lugares.

A tentativa de criar um discurso que nao da conta do que um nomeia.

-experimentar relaçao lado a lado.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

estar en un lugar alejado y cerca, ni estar ahí. O estar al lado de ese lugar donde parecía que no había nada. Comprender el caminar en cuanto rastro, diálogo de fricción entre la ropa y el aire, impulsión de la goma con el asfalto ¿Transito o me transitan? aqui parado no consigo parar de moverme y me pregunto porque crecen los edificios, la duda está ahí o la afirmación, está ahí de nuevo. Lo que es solido que se mueve, aquella pared por ejemplo ¿se mueve en mis ojos? ¿son mis ojos que se mueven? ¿o es simplemente un tipo de relación que se establece cuando acompaño la posibilidad del movimiento? Todo esto para abrir un espacio de duda, para decir serenamente que no se donde me situo, que las fronteras de mi mismo estan en transito, limitándose y deslimitándose, agenciando nuevas percepciones de lo que podría ser; ese "podría ser" que no se va para el futuro... que esta siendo.

L'AMORCE#150 PISO 1 LISBOA, improvisation COLETIVO QUALQUER


Interacción del coletivo qualquer con la instalación de Vincent Boisselier en el dia 12 de Noviembre de 2009 en el ambito del festival ZAAT.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

triksters ou vagabundos, ajudantes ou cartoons



Parte del vídeo de la performance "tricksters ou vagabundos, ajudantes ou cartoons" realizado en el ambito del Festival ZAAT en el dia 30 de Octubre del 2009 en el Parking de estacionamiento de la Praça da Figueira en Lisboa.

zaat

De 30 de Outubro a 22 de Novembro de 2009

ZAAT Mostra de Artes Visuais e Sonoras 009.

Parque de estacionamento da Praça da Figueira // piso -1

entrada livre //

O parque de estacionamento subterrâneo da Praça da Figueira funciona com uma galeria de arte contemporânea desembaraçada dos seus habituais ambientes e referentes.

O acesso livre devido o próprio funcionamento do parque, a ocupação e intervenção artísticas num espaço pouco habitual no percurso das criações artísticas criam uma dinâmica que diferencia a apreciação dos trabalhos apresentados e proporcionam aos diversos públicos envolvidos interpretações e olhares diferentes. Esta proposta para a ZAAT Mostra 009 busca e provoca a surpresa, o confronto entre um lugar de passagem e de trânsito e uma actividade de verdadeira contemplação.

L’armorce#150 de Vincent Boisselier

OOps Mama e Love Hurts de Ema Cima

Amor Cachorro de Jordi Burch

Portable memory de Lara Boticário Morais

Teegr de Matthieu Martin

Papier blanc, encre noire de Edith Longuet-Allerme

A BLUE SKY WOUD BE SUSPICIOUS, Artificial landscape e

VOLATILES (VOADORES VOLÁTEIS), Portrait series via a motion capture system de Olivier Perriquet

30/10/2009 pelas 18 horas // INAUGURAÇÃO

Com o espectáculo de dança tricksters ou vagabundos, ajudantes ou Cartoons do Coletivo qualquer por Luciana Chieregati e Ibon Salvador

20/11/2009 pelas 18 horas

O Coro do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal pelo Maestro Sérgio Fontao

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"en fronteras" - demo




Partes do vídeo da performance "en fronteras" no ESPAÇOKARNART realizado em Lisboa a 27 de fevereiro de 2009.

rizoma

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

lugares o nao lugares.

Como é que intenciono ir coreografando devenires e intensidades?
Os dois ensaios no parking da Praça da Figueira foram brutais para mim. Observei no meu corpo e nos videos como desde esse começar no nada, nesse ir indo que é a improvisaçao aparecia um período de movimento duvidante, que nao tem uma intençao clara mas que vai. No ir indo escuto como esse nao territorio, essa impropriedade que desconheço vai entrando (entre-ando) em linhas e intensidades, que de alguma maneira o territorializam. Observo que esta qualidade mais sutil se estabelece em um jogo de insistencia e tempo. Tem que ver com construir um movimento dos entre-espaços, lugares que aparecem como uma grande duvida, como um nada que tem que ver com as nossas impropriedades, com acercar-nos ao desconhecido que está sempre aí a cada passo que nos permitimos dar sem perguntar porque ou como.
Começamos indo juntos em uma escuta das direçoes do nosso corpo (do outro), das manchas de luz no espaço e precisamos de tempo para o encontro, entre nós, com o som, com as novas informaçoes relacionais que surgem enquanto nos permitimos ir a territorios incertos. As vezes a cadençia é leve, outras uma densidade muscular surge com força, se-calhar uma pausa vibra com o espaço. A beleza que observo subtrae-se, desliza-se nas bordas de uma linguagem inter; quero dizer na apariçao de uma traduçao conjunta entre o espaço (som, temperatura, cor, gravidade, matéria) e nós (som, temperatura, cor, gravidade, matéria) e aí nessa oscilaçao mutua, nesse encontro surge a matéria (palabra) que é tactil ou nao, que pode ser a mais leve brisa, uma montagem mecanica ou a pegada de um elefante. Isso nunca se sabe.É preciso estar lá, no ter lugar.

sábado, 8 de agosto de 2009

dançando?

“(…)Uma maneira emergente, nao um ser que é deste modo ou de outro, mas um ser que é o seu modo de ser e, portanto, mesmo permanecendo singular e nao indiferente, é múltiplo e vale por todos.” Um movimento do ser gerando-se pela propria maneira.

Nos últimos ensaios, deparo-me em conversa com luciana que tenho voltado para uma questao que va-se mostrando em min intermitentemente durante iste processo de pesquisa (e na vida)que é a procura enquanto a conseguir algo, ese movimento de ir categorizando, nominando a minha dança. Se-calhar uma vontade de controlo nas palavras com as que me conto a mi mesmo o qué que estou a façer. Um “julgamento” de qualidades e atmosferas, um preconceito do que quer-ia que acontezca num ensaio.

Estou a mexer-me no espaço e pergunto-me si isso sera interessante. Desde que lugar em min valoro se é o nao é de interesse algum? Que e o que apareçe nesse momento que acorda meu interesse? Onde fica em min isse movimento? E, desde que angulos, visoes estou a pretender que sea interesante para os outros? Estou a falar de comunicaçao, acho... com o espaço, com o publico, commigo, sem estaveleçer neuma fronteira entre estas palabras, sem clausurarlas, deixando que se comuniquen: espublico, publipaço ou espublimigo. Estou acercándome dos meus desejos (e interesses) no momento , observo, participo de cómo istos se organizam com o espaço em volta(estençoes) no acontecer da dança, de um jantar, da lectura da tarde. Acho que isse desejo que me faz cosarme a orelha agora, o abrir a pupila em uma direçao determinada esta-se a relaçoar com a parede branca na minha frente, com o barulho do electrico... nao como algo que detecto e classifico no momento, se nao como um movimento do desejo que o sinto organizar-se, mas mais numa trama sobreposta. Observo a relaçao interesse-desejo desde o movimento do espaço.

“Qualquer”(quodlibet) o ser que seja como for nao é indiferente” ele contem desde logo, algo que remete para a vontade (libet), o ser qual-quer estabeleçe uma relaçao original com o desejo”

Um ser que seja como ele for, nao se mantenhe indiferente, e que ao ficar no seu ser tal qual é considera os seus desejos, implica em min um movimento que posivilita outros marcos de comunicaçao, de açao (nao-açao), por tanto de dança.

Uma posibilidade de comunicaçao que se observar-mos o proprio “Qualquer” como palabra, ista estabeleçe já numa interrelaçao colectivo-individuo: é qualquera de nos e ao mesmo tempo é voçe, eu ou ele. Interrelaçao que nao determina ao individuo, no sentido de colarle istas ou aquelas propriedades(ser vermelho, muçulmano, ou portugues) e assim propicia um movimento das impropriedades(ligadas em min ao desejo, a todo aquello que surge em min fora das clasificasoes, uma camada na que o corpo fala as palavras, em que o movimento e multiplo por que nao tentamos apropriarnos dele), abrindo-se para a posivilidade do aconteçer que sempre é inesperado, e contem um enorme factor de incertidumbre (abrindose para o inapropiado que pode ser cualquer futuro). Estar e deixarse ir, distraçao e atençao, natureça comun e singularidade, proriedade e impropriedade se tornan reversíveis e se penetram reciprocamente. Uma comunicaçao que fuge do lugar explicativo de algo, uma comunicaçao mais cercana ao tacto na que a informaçao aconteçe numa linea cintilativa em que emisor e receptor se comfundem num ter-lugar. Assim minha relaçao com o objeto, com o espaço nao e determinada, nao tenhe designada ista ou aquela propriedade, é maís um movimento das impropriedades apropriandose, da apropriaçao das impropriedades que estabeleçem um limiar confuso, um espaço “entre” elástico criando: espaços, movimentos, palavras… para que um outra comunicaçao este aconteçendo.

Em um lugar cualquer que nao indiferente, deixo que o desejo desvende os interesses, vou-me apropriando dos pequenos movimentos que nao tenhen nome, traçendolos para a materia(a palavra) que é a dança escutando uma pausa, o frio, o chao. Se gera um espaço, um transito entre o delimitado e o desconhecido, nao é o chao, é eu agora com o chao indo e vindo, aí o desejo e um tremor e o interesse se distrai no movimento que é a relaçao entre o proprio e o improprio, o que estou deixando ser.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Desde onde posso dizer que as coisas que faço ou penso sao para mim lugares conhecidos ou conscientes?
Fala-se do instinto de sobrevivencia e de sua relaçao com o movimento, com a criaçao, com a dança.
Fala-se dos accesos, das portas que posso abrir para tentar atravesar um pouco mais de perto eu mesma. Como se essa possibilidade de me atravesar revelasse também a travessia para fora e para dentro.
Quando tento essa travessia desde mim e para fora e a volta para dentro começo pela tentativa de focar minha atençao nas minhas atençoes. Alguns padroes aparecem. Começo na atençao ao meu pensamento, nos seus caminhos, por que vias vai desenhando o seu acontecer.Nas memórias, nas criticas, nas relaçoes que considero racionais.
Daí direciono minha ateçao a um outro padrao, que tem mais a ver com minhas sensaçoes sensoriomotoras, ou o que considero minhas sensaçoes sensoriomotoras(ouvir, cheirar, ver). Desde essea sensaçoes e o que elas me proporcionam quando voltadas para fora e para dentro, percebo em mim outras trajetórias internas que reverberam em outros movimentos. As mudanzas da luz, o sons da rua, do ar, do tato ou mesmo as diferentes perspectivas que meus olhos podem além de enchergar, ver.
Há momentos em que para mim esses accesos sao suficientes, ou tudo que a atençao neles me proporciona em termos de percepçao, gesto e movimento me parecem poder ser explorados muito, sem que tenha que ir levar minha atençao para outras camadas dessas relaçoes entre eu e fora.
Nao me contento, sei que as posibilidades sao infinitas e quero ainda poder voar.
Fala-se na inconsciencia de nossos pensamentos, em como a mayoría deles acontece sem que nos damos conta e passam por lugares que estao aí.
Quando danço posso experimenta-los algunas vezes. Sinto que os acesso, que jogo com eles, que as qualidades que surgem revelam camadas que nao sao visíveis.
Camadas que nao sao visíveis.Tornoa-as visiveis quando é nelas que percebo que estao todas as posibilidades de ser de cada gesto, de cada movimento, de cada dança.
Se percebo uma mudança de luz na sala equanto estou a dançar e permito escutar por onde essa mudança atravessa meu corpo, meu pensamento, as imagens que formam, o gesto que sai disso é preenchido de uma sutileza diferente, é preenchido com essa implicaçao de que cada possibildade de relaçao que estabeço com essa mudança está sempre aí, que posso escolher uma delas e dar uma cara, lectura ao gesto, ou posso surfar apenas e deixar que essas posibilidades desenhem com um traço sutil, que como um sopro e como sua origen, passa e tranforma-se.
Encontro aí a poesia, a dança. Nesse lugar que nao é fixo, que evanesce, mas deixa esse rastro que á sua transformaçao.
Para mim, aí está o poder que a criaçao tem no mantenimento da sobrevivencia da espécie. É mesmo nesses lugares masi naturais, institivos ou sutis que vou procurar voltar minha atençao para criar a possibilidade de acontecimento do gesto. Quando aí estou transformo o rumo previsible da história, crio outras maneiras de estar no mundo e de colocar a través da dança esse outro ponto de vista para mim e para os outros. Sinto a proximidade de uma revoluçao criadora, que toma como pressuposto o acesso as camadas mais esenciáis que povoasm o meu ser e as relaçoes desse com o mundo que me rodeia.
A Lisa outro dia disse que quando ela termina uma improvisaçao ela se da conta de que nao improvisou. Isso chegou em mim de uma maneira que abriu uma porta. Me ajudou a comprender que muitas das decisoes que toma meu corpo e que nao passam por essa consciencia, sao as que me geram um material creativo que extrapola as fronteiras e potencialidades da minha dança. Sinto que o acesso e reconhecimento dessas camadas invisíveis delineadoras de meus reflejos, instintos ou modos de sobreviver, me possibilitam estar em muitos lugares de mim,do espaço e do tempo.
Quando danço nesse viés há um entrecruzamento de teias e camadas que constituem o que é o meu ser e o que sao as relaçoes interativas que estabeleço, que tudo passa a ser o mesmo. Um gesto passa a caber em todos os tempos, passado, presente e futuro, na medida em que acontece naquele momento carregadodas trajetórias que descreveu para ser ali e das posibilidades todas que tem para sua continuidade. Um gesto passa a ter todos os significados. Uma mao que sobe carregada de uma intensao que nasce e vive desses, nesses caminhos pode descrever, descreve uma infinidade de caminhos de uma vez.
Para mim a criaçao vive aí. Nessa linha tênue que meu corpo encontra no movimento vivenciado por inteiro, nesse lugar nao de aboliçao das fronteiras, mas de reconhecimento delas e consecuente perambular de uma a outra, de forma que acabem por ser lugares e nao barreiras, limites.
Essa é a revoluçao. Uma revoluçao que tem como arma a própria criaçao que é transformadora desde seu mais infimo ponto de partida, ja que propoe um estar consigo e no mundo que sujere movimento e toma como primeiro motor o movimento.
O que é a revoluçao senao movimento?